Foto/Reproducao
do g1 - Um jovem investigado por ferir uma mulher com golpes de canivete em um motel de Bocaiuva, no Norte de MG, foi indiciado por tentativa de feminicídio. Durante a investigação, a Polícia Civil descobriu que ele cometeu o crime duas semanas depois de revelar para a mãe "que tinha o sonho de ter uma mulher morta e mumificada para poder 'usá-la' como quiser".
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Em entrevista concedida nesta quinta-feira (29), o delegado Thelles Bustorff falou que a vítima, de 27 anos, é proprietária de um bar na cidade e foi convidada pelo investigado, de 19, para ir ao local. Eles tinham se visto apenas uma vez.
“Quando começamos a investigar não tinha uma motivação clara, tendo em vista que o investigado não tinha tido nenhum tipo de relacionamento anterior com a vítima. Conforme a própria vítima relatou, quando eles estavam no motel não teve discussão, briga, nada que pudesse motivar o fato”, disse o delegado.
A mulher foi atingida por dois golpes de canivete no pescoço. Ao ser ouvido na delegacia, o rapaz permaneceu em silêncio. Ele não tinha registros policiais anteriores.
A defesa afirmou que discorda completamente do indiciamento e entendeu que houve um “excesso de punitivismo” por parte da Polícia Civil, pois deve-se considerar a inimputabilidade ou semi- inimputabilidade do investigado, que é portador de "severo distúrbio psiquiátrico", e o fato de ter sido configurada a “desistência voluntária”, termo usado juridicamente quando o agente desiste de praticar o crime.
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Buscando entender a motivação dos fatos, a Polícia Civil conversou com familiares e pessoas ligadas ao jovem. O depoimento da mãe dele e de uma supervisora do colégio onde ele estudou foram fundamentais para esclarecer o porquê da agressão.
“A genitora dele nos relatou em depoimento prestado na delegacia que o filho, duas semanas antes do fato, tinha relatado para ela que tinha o sonho de ter uma mulher morta, mumificada, conservada com formol para poder 'usá-la' na hora e da forma como bem entendesse.”
Ainda de acordo com o delegado, a mãe afirmou que encontrou um medicamento que provoca sonolência nos pertences do filho e o questionou sobre a utilização do remédio.
“Ele relatou para a mãe que queria dopar a mulher para que ela ficasse quieta, parada, sem nenhum tipo de reação para poder usá-la da forma que quisesse, como uma espécie de escrava sexual.”
Conforme Thelles Bustorff, a mãe também contou que o filho era agressivo e chegou a ameaçá-la com uma faca. Ela falou que o rapaz não tinha amigos e passava a maior parte do tempo dentro do quarto.
“Quando ainda era menor e frequentava colégio, ele tinha um relacionamento conturbado com os colegas de classe, uma supervisora dele nos relatou que ele tinha um comportamento completamente estranho e que assistia pornografia dentro da escola e mostrava para os colegas. Ele chegou a ameaçar a supervisora e os colegas, dizendo que iria matar todos.”
Por conta do comportamento identificado, a supervisora procurou pela família do investigado. Os pais o levaram a uma psicóloga e em um psiquiatra.
“A gente entende que não há doença mental que pudesse justificar eventual inimputabilidade penal, mas há indícios de uma psicopatia, de um transtorno de personalidade que indicava apatia social e conduta antissocial, que causava nele uma ausência de remorso para eventuais condutas ilícitas ou crimes que viessem a cometer”, falou o delegado.
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No dia 19 de maio, a polícia foi chamada após uma mulher ser ferida em um motel de Bocaiuva.
“A vítima relata que em um determinado momento, sem nenhuma discussão, o investigado avançou nela e deu uma gravata nela e tentou estrangulá-la. A vítima conseguiu morder o braço do investigado e com a mordida forte ele a soltou e desferiu dois golpes de canivete”, detalhou o delegado.
Em seguida, a mulher conseguiu sair do quarto e pediu socorro. Ela foi socorrida pelo Samu para o hospital de Bocaiuva. O homem se trancou e foi preso após a chegada da Polícia Militar, que abriu o cômodo usando a chave reserva.
Conforme Thelles Bustorff, o canivete foi encontrado dentro da bolsa da mulher, que foi jogada no vaso sanitário.
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